Os Guardiões da Galáxia tomaram o mundo de surpresa. Quando há alguns anos a Marvel Studios anunciou que sua adição ao exitoso MCU estaria baseada em esta faixa escura com origens na década de 60, a reação da maioria foi «Quem?». Porém hoje, dois filmes depois, os Guardiões da Galáxia são superstars genuínos. Este novo status ganhou para o grupo consistindo de Star-Lord, Gamora, Drax, Rocket y Groot um lugar no Hall da Fama do mundo dos quadrinhos, novas publicações, séries de televisão, e em outros produtos e demais.

No mundo dos videogames, o novo campus dos Guardiões fez aparições no mundo Lego e no MMO Marvel Heroes. Mas é a Telltale Games responsável por dar aos Guardiões da Galáxia seu primeiro jogo particular. Como não poderia ser de outra forma com Telltale, é uma aventura gráfica em formato episódico, cujo primeiro episódio: «Tangled Up in Blue» já está em nossas mãos.

Como mencionado, a aventura da Telltale envolve a lista atual dos Guardiões da Galáxia. Ou seja, o esquadrão formado por Peter Quill, AKA Star-Lord, uma «criança dos anos 80» transformado em aventureiro espacial; Gamora uma guerreira feroz e ex-assassina sob o comando do Titan Loco Thanos; Drax, um guerreiro alienígena que busca vingança pela morte de sua família; Rocket e Groot a dupla peculiar de guaxinim geneticamente modificado e árvore pensante que ficaram muito famosos nos últimos anos.

De maneira semelhante no que vimos em Telltale: Batman, os Guardiões da Galáxia usados por Telltale são sua própria entidade. Tanto em nível de design como narrativa, o produto da Telltale é independente tanto em relação a filmes ou comics. Embora seja verdade que encontraremos no jogo fortes inspirações da versão cinematográfica de equipamentos e outros personagens secundários. Por exemplo, Star-Lord leva em toda parte seu velho Walkman com a música da Terra e Drax tem problemas para lidar com as sutilezas da linguagem.

Mas como mencionado, a história em si é completamente independente ao observado nos filmes ou nas páginas dos comics. Desta vez, os Guardiões da Galáxia são contratados pelos Nova Corps para resolver uma crise envolvendo Thanos, o Titã louco. Isso resulta em uma prolongada sequência inicial em que os guardiões se enfrentam com este emblemático vilão da Marvel e que tem uma das sequências de ação mais complexa, estimulante e bem trabalhada posta em tela.

Esta sequência particular nos coloca no comando de toda a equipe usando o clássico sistema de QTEs. O apresentado por Telltale nesta seção de ação e em outras, não varia muito do que já visto em outros jogos da casa, tais como The Walking Dead e Game of Thrones. Mas a qualidade da ação e fluidez das sequências ajuda a elevar Guardiões da Galáxia um passo acima de seus primos em termos de gamaplay.

Além disso, Telltale tentou dotar o jogo com mais «consistência» no lado jogável. Guardiões da Galáxia apresenta algumas seções de exploração mais complexas do que o observado em outros produtos recentes da empresa (especialmente se comprar com a pobre terceira temporada de The Walking Dead). Senhor das Estrelas (Star-Lord) tem dois itens especiais: as botas anti-gravidade e seu scanner temporal, o que lhe permite mover-se ao redor do palco verticalmente e observar situações que ocorreram no passado, respectivamente. Estes dois elementos fazem que os puzzles apresentem um desafio um pouco maior em comparação com o que Telltale tem entregado ultimamente. Está claro, aqui não encontraremos nada nem remotamente tão elaborado como vimos recentemente em Thimbleweed Park, e as seções de exploração permanecem simples demais, mas pelo menos é um passo na direção certa para Telltale.

Durante as sequências de exploração, também teremos acesso a um comunicador para conversar com o resto dos Guardiões. Star-Lord pode estabelecer conversas curtas com Drax, Gamora y Rocket, e, portanto, será capaz de manipular as relações pessoais dentro da equipe, em uma fórmula que já é clássica de Telltale.

Às vezes o jogo vai obrigar-nos a tomar partido por um membro dos guardiões ou outro, em decisões que provavelmente não levará a qualquer resolução realmente importante ou diferente (como já é conhecido de Telltale), mas pelo menos representam dilemas muito bem desenvolvidos. Será que entregamos um item valioso ao Colecionador, personagem sinistro se temos um? Ou bem, fazemos a coisa certa e chamamos aos Nova Corps? Tais decisões levam somente a mudanças marginais dentro da estrutura do jogo, mas pelo menos levam a situações narrativas interessantes.

Outro elemento importante no título é o característico humor da franquia. Desde os sempre frescos One-Liners de Starlord até a valentia de Rocket, o humor está sempre à ordem. Isso ajuda muito a suavizar a narrativa e dá ao jogo situações leveza que Telltale muitas vezes não permite em outras franquias (exceto Borderlands). A própria história do jogo gira em torno da «Forge of Eternity», o típico McGuffin de turno, em que mal aparece em tela e Star-Lord faz um comentário humorístico e que em seguida, dá um uso mais peculiar. Humor, em muitos aspectos, ajuda a vender o quão ridículo que são muitas situações ao largo do primeiro episódio.

Todos os elementos da narrativa são potenciados por um trabalho de voz muito bom. Dentro do elenco principal se destaca Nolan North, que consegue canalizar seu interno Bradley Cooper para dar voz a um Rocket Raccoon que é praticamente indistinguível de sua versão cinematográfica. Scott Porter, por outro lado, dá vida a Peter Quill/Starlord, e enquanto ele não consegue recriar toda a personalidade impressa para o personagem de Chris Pratt, pelo menos fica muito perto. O resto dos personagens, desde Gamora e Drax até Thanos e Yondu estão à altura das circunstâncias e seus dubladores fazem um trabalho mais que aceitável.

Na seção audiovisual também de destacam outros elementos. Primeiro, o uso de música dos anos 60 e 70, algo próprio da franquia marca presença. A música ajuda por um lado a dar ao jogo uma identidade próxima ao observado nos filmes dos guardiões, mas também se integra na narrativa, especialmente graças a algumas sequências de flashbacks envolvendo Meredith Quill, a mãe de Star-Lord. Em segundo lugar, a qualidade gráfica do título é realmente excelente. O estilo gráfico típico de Telltale é acompanhado por cenas de ação realmente fluidas e com cenários coloridos e marcantes por onde a aventura se desenrola. Seguindo os bons exemplos de Batman Series e The Walking Dead: A New Frontier, Guardians of the Galaxy é mais um passo na direção correta para a Telltale em quanto à apresentação gráfica de seus jogos.

«Tangled up in Blue» é também um episódio longo em relação ao que temos visto ultimamente da Telltale. Enquanto os capítulos de The Wakling Dead: A New Frontier raramente ultrapassa uma hora de jogo, «Tangled up in Blue» nos dá mais de uma hora e meia de entretenimento. Meia hora pode não parecer muito, mas pelo menos ajuda para que a narrativa não se sinta tão restrita e permite ao jogo fornecer tempo a situações mais relaxadas, como passar uma noite com os Guardiões em um bar decadente.

Em suma, este é um produto típico da Telltale, mas que felizmente evita alguns dos principais problemas que vinham afligindo as produções desta casa de desenvolvimento nos últimos tempos. Marvel’s Guardians of the Galaxy apresenta o velho e gastado sistema de decisões da Telltale, que sabemos, no final do dia não leva a nenhum lugar realmente interessante. Mas pelo menos esta proposta envolve o jogo em uma obra audiovisual fantástica e uma face jogável bastante refinada. A ação e o humor dos Guardiões da Galáxia, como no filme, garantem para Telltale um grande sucesso neste novo empreendimento.

Esta avaliação foi realizada com uma cópia fornecida pelo estúdio de Telltale Games.

[PT] Marvel’s Guardians of the Galaxy | Episodio 1: 'Tangled Up in Blue' – Review
História80%
Gameplay70%
Gráficos85%
Música e sons85%
O Bom:
  • Grande uso da licença Guardiões da Galáxia.
  • Excelentes cenas de ação.
  • Capítulo mais largo e algo mais de conteúdo em relação ao que vem produzindo Telltale nos últimos tempos.
O ruim:
  • O sistema de decisões não apresenta novidades interessantes.
  • O elemento central da narrativa não é muito inspirado.
85%Nota Final
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